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O incrível Fast Freddie - Capítulo 2

Na Competição

Seja no asfalto, na terra, na lama ou na areia, um bom piloto deve estar preparado para enfrentar qualquer competição e corrida de moto. Esse universo radical está no DNA da Honda e realmente é para aqueles que são movidos pelo desafio. Acompanhe conteúdos especiais sobre os campeonatos nacionais e internacionais de motovelocidade e motocross como MotoGP, SuperBike e muito mais!

O incrível Fast Freddie - Capítulo 2

Na Competição 16/01/2019
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O incrível Fast Freddie
Parte 2
Piloto Freddie Spencer segurando capacete entre as motos Honda RS250R-W e Honda NSR500

A inédita Honda NSR500 V4 desenvolvida para a temporada de 1984 deu muita dor de cabeça – e outras – a Freddie Spencer e também aos técnicos. Problemática, impediu um novo título mundial para Spencer, mas não vitórias, cinco. Apesar de ter ganho um Grande Prêmio a mais que Eddie Lawson, campeão mundial, Spencer terminou na 4ª colocação. Foi o preço pago pelas lesões que o fizeram saltar quatro das doze etapas do ano.

Para 1985 o plano do piloto e da Honda era um só, vingança. A 4ª colocação não fazia jus ao talento de Freddie e empenho da Honda. Para compensar a frustração, uma ideia nasceu na cabeça de Spencer e de seu inseparável preparador, Erv Kanemoto: competir na 500 e 250 ao mesmo tempo.

A proposta caiu como uma bomba na sede do HRC. Nem tanto pela ousadia de encarar duas corridas a cada domingo de Grande Prêmio, algo difícil, mas não impossível, mas principalmente pelo fato que a Honda não dispunha de uma 250 competitiva.

A autorização de criar uma 250 inédita para a empreitada recebeu o OK da matriz da Honda em Tóquio e assim surgiu a RS250R-W, cujo motor era um V2, exata metade do motor da NSR500. Freddie testou a novidade no final de 1984 e gostou tanto que pediu que a nova NSR500 tivesse um chassi igual, uma dupla trave de alumínio. Sem saber, Spencer e o HRC davam início a uma estirpe de motos que dominaria a cena da motovelocidade por décadas e até hoje a arquitetura de chassi inaugurada pela Honda naquela temporada é a base preferida para motos esportivas.

Com a genial RS250R-W e a reformulada NSR500 – agora com o tanque no lugar do tanque! – A temporada de 1985 começou. Spencer dominou a 250 na etapa de abertura, na África do Sul, mas na 500 sua nova montaria demonstrou estar longe do ideal. A corrida foi vencida pelo rival Eddie Lawson e isto deu à Honda a chance de deixar claro à Spencer que a prioridade para a empresa era a 500. Se mais um resultado negativo se repetisse, Freddie deveria largar a 250.

Culto, religioso, educado e tímido, Freddie Spencer destoava no ambiente da motovelocidade. Porém, a resposta aos patrões após a ameaça de tirarem dele o novo brinquedinho foi dada aos berros, felizmente na pista e dentro do capacete. Spencer venceu com a NSR500 a segunda corrida da temporada e na 250 era líder quando um escape quebrado lhe tirou a vitória.

Por pouco não aconteceu uma incrível dobradinha diante de um espectador de exceção, ninguém menos que Soichiro Honda, em uma rara – e derradeira – aparição em um Grande Prêmio do Mundial de Motovelocidade.

A sequência da temporada foi uma caminhada rumo à glória: sete vitórias na 500 e outras sete na 250. Em quatro ocasiões faria a dobradinha. Em 11 Grande Prêmios, largou 22 vezes e venceu 14 corridas. O mundo se curvou diante da grandeza daquele jovem de apenas 23 anos, que parecia estar endereçado a bater todos os recordes possíveis.  

A supremacia demonstrada em pista ganha ainda mais relevo ao lembrarmos que ele era o único piloto da equipe oficial, e que, portanto, todo o desenvolvimento técnico das motos, inéditas, esteva em suas mãos. Outro dado impressionante é que naquele ano Spencer levou a cabo o delicado desenvolvimento do pneu radial dianteiro da Michelin para as 500.

As mágicas mãos Freddie Spencer dominavam os guidões de suas Honda como ninguém e, no final de 1985, ninguém poderia imaginar a mão direita, justamente a do acelerador, seria a causadora do final de sua carreira.

Nos treinos da 250 do Grande Prêmio da Grã-Bretanha, antepenúltima etapa da temporada, Spencer caiu e sofreu uma pequena fratura a mão direita. O acidente não o impediu de competir (venceu na 500), mas o descaso com o tratamento do trauma se somou ao supremo esforço realizado naquela temporada, e o preço cobrado seria bem alto.

Na pausa entre temporadas a mão parecia ok, sem esforço funcionava bem. Mas na 1ª corrida de 1986 Spencer, líder da corrida das 500 com folga, começou a perder a sensibilidade não só na mão direita, mas também no braço, que simplesmente parou de funcionar. Freddie abandonou a corrida e ninguém poderia então supor que aquela seria a última vez em que ele lideraria um Grande Prêmio.

O final da carreira de Freddie Spencer na motovelocidade foi melancólico, pontilhado por tratamentos, cirurgias e tentativas frustradas de voltar a pilotar. Os problemas decorrentes da síndrome do túnel do carpo, diagnóstico final para o problema, talvez pudessem ter sido atenuados se o jovem piloto não tivesse exigido tanto de seu físico naquela temporada de 1985.

Porém, quis o destino que o brilho do garoto da Louisiana nas pistas fosse como foi: fulgurante, intenso como nenhum, mas rápido demais. “Fast Freddie” foi o responsável por dar à Honda as primeiras vitórias e títulos mundiais na era moderna. Desenvolveu tecnologias – pneus radiais, chassis de trave dupla – que das pistas migraram para as motos que usamos no dia-a-dia.

Em 2001 recebeu a maior honraria do esporte, o título de “MotoGP Legend”, e nunca se afastou completamente das pistas, pelo contrário: na temporada 2019 do mundial de motovelocidade presidirá o painel de comissários da MotoGP, julgando questões relacionadas ao comportamento dos pilotos em pista. Cargo mais do que adequado a um dos maiores pilotos de todos os tempos.