As motos clássicas da Honda têm muita história para contar, com direito à curiosidades e momentos nostálgicos que te levarão em uma viagem no tempo. Afinal nossas motos antigas são únicas e dão vida aos novos modelos da Honda.
Em 1965 a Honda já era a maior fabricante do planeta no segmento duas rodas, seus modelos de pequena e média cilindrada, unanimidade. A confiabilidade de suas motocicletas era plenamente reconhecida, assim como as conquistas nas competições.
Este “retrato” da Honda na cabeça dos consumidores dos principais mercados – então a Europa e os EUA – ganharia novos contornos com a chegada da bicilíndrica CB 450 ao mercado ocidental, a primeira moto honda de alta cilindrada. Não estranhe está “alta cilindrada”: naquela época as maiores máquinas tinham, no máximo, 650 ou 750cc, e qualquer moto com motor acima de 350cc pertencia ao nicho das grandes motos.
O sucesso comercial da Honda no ocidente até então se devia, em grande parte, aos clientes que reconheceram ser a pequena Honda Dream ideal para seus pequenos deslocamentos. Porém, na hora de colocar na garagem uma moto de grande porte, a alternativa era recorrer a fabricantes inglesas, alemãs, italianas, então dominadoras deste segmento.
Honda CB 450 – Inovação Sobre Duas Rodas
Quando a Honda CB 450 surgiu em 1965 a recepção foi um misto de admiração com desconfiança. A dúvida era se a Honda teria sido mesmo capaz de mesclar a finesse mecânica de suas máquinas de corrida com a confiabilidade e eficiência de suas pequenas motos nesta que era sua primeira investida no mundo da alta cilindrada.
A ficha técnica surpreendia não apenas pela adoção do duplo comando no cabeçote da moto– coisa que naquele tempo era tecnologia restrita à motos de corrida – mas também por causa de detalhes curiosos, entre os quais estavam as molas de válvulas, que em vez de serem helicoidais eram por barras de torção, solução completamente inédita.
Como a Honda CB 450 redefiniu o conceito de motocicletas de alta cilindrada
Na teoria o motor da Honda CB 450 imediatamente colocava as motos de alta cilindrada da época em um patamar tecnológico inferior, mas a pergunta que não queria calar era: funcionaria tão bem como as pequenas Honda?
Os primeiros testes sopraram para longe qualquer dúvida e a CB 450 logo recebeu dos ingleses um apelido, “Black Bomber”, ou Bombardeiro Negro. Essa referência se dava não apenas à cor das primeiras CB 450 como ao potencial estrago que o modelo causaria nas vendas das concorrências.
Mesmo tendo um motor de exatos 444 cm3, portanto menor do que os motores de suas adversárias, a “Black Bomber” desenvolvia cerca de 44 cv de potência e era capaz de alcançar 180 km/h de velocidade máxima, páreo para as 650-750cc daquele tempo.
Porém, o segredo do sucesso da Honda CB 450 não estava em sua performance, mas sim num fator até então raro nas então muito temperamentais grandes motocicletas: tinha um sistema elétrico confiável, com partida elétrica que funcionava perfeitamente e – pode parecer estranho dizer isso – um motor que “teimava” em funcionar regularmente todo santo dia, estivesse calor ou frio, com sol ou chuva. A Honda CB 450 era uma moto fácil de ligar e fácil de usar, que não exigia de seu dono nenhum conhecimento de mecânica.
Com a introdução da CB 450 a Honda preparou o mercado mundial para a verdadeira grande surpresa, que viria três anos depois, a fantástica tetracilíndrica CB 750 Four, moto considerada a mãe de todas as superbikes, modelo que determinou a definitiva superioridade técnica da Honda. Porém, foi a CB 450 “Black Bomber” a responsável por mudar a maneira sobre como a Honda era vista no ocidente, trocando o status de fabricante de pequenas motos pelo de verdadeira líder mundial na fabricação de motocicletas.