As motos clássicas da Honda têm muita história para contar, com direito à curiosidades e momentos nostálgicos que te levarão em uma viagem no tempo. Afinal nossas motos antigas são únicas e dão vida aos novos modelos da Honda.
Na metade dos anos 1950, a Honda buscava chamar atenção do mundo para a sua capacidade técnica. Naquela altura, a empresa fundada por Soichiro Honda já havia se consolidado como uma gigante na produção de motocicletas, tendo alcançado a liderança no mercado japonês, mas ainda era uma desconhecida no restante do planeta.
Foi nesse momento que os projetistas receberam o sinal verde para ousar, e, em julho de 1957, surgia a Honda Dream C70, a primeira moto da marca equipada com um motor quatro tempos bicilíndrico refrigerado a ar. Com arquitetura de cilindros paralelos e 250 cm3 de capacidade, tal motor representava uma verdadeira ousadia tecnológica, que surpreendeu aqueles que pensavam que a Honda seria, eternamente, apenas uma grande fabricante de pequenas motocicletas para o mercado interno, nada mais do que isso.
Naquela época, a indústria motociclística mundial era liderada por marcas inglesas, italianas e alemãs, países que detinham o máximo da tecnologia, dominando vendas e competições. Além disso, o conceito de “moto grande”, até então, representava motores com no máximo 500 cc, monocilíndricos ou bicilíndricos.
Soichiro Honda, que tocou pessoalmente o novo projeto, resolveu que entraria no mundo das “motonas” de modo cauteloso do ponto de vista da capacidade cúbica, “apenas” 250 cc, mas foi bastante atrevido nas escolhas técnicas aplicadas a esse primeiro modelo Honda com motor de dois cilindros.
A Honda Dream C70 tinha um motor todo feito de liga de alumínio, dotado de comando no cabeçote acionado por corrente, lubrificação por cárter seco e câmbio de quatro marchas. As válvulas eram duas por cilindro e o carburador um único Keihin de 22 mm de venturi. A potência máxima era de 18 cv a 7.400 rpm, que permitia alcançar uma velocidade de 130 km/h. Seu peso a seco era de 158 kg. Era a mais rápida 250 cc da época.
A intenção de Soichiro Honda – chamar a atenção do mundo para sua marca – deu certo. E a decisão de expor a Dream C70 no Salão de Amsterdã, Holanda, de 1958 escancarou definitivamente sua intenção de transformar a Honda em uma marca mundial. A Dream C70 não era uma cópia de motos europeias, mas, sim, um design inédito, que chamou atenção principalmente pelas características técnicas de seu motor, uma vez que a parte ciclística não acompanhava a modernidade – um clássico quadro estampado de aço, com suspensão dianteira por links e traseira bichoque.
A estética da moto Honda Dream C70, primeiríssima Honda com motor de dois cilindros, inaugurou o chamado “Shrine Style”, algo como “estilo templo”, em português, caracterizado por detalhes como a capa de farol quadrada. O modelo, do qual foram produzidos 27.253 exemplares de 1957 a 1959, posteriormente recebeu aperfeiçoamentos no motor e modernização da ciclística, dando origem a uma linhagem de motos que, partindo da mesma base mecânica, resultou em modelos de 125 a 305 cc, alguns dos quais muito interessantes, que merecerão um capítulo à parte aqui no Blog Asas da Liberdade. Não perca!
Detalhes Motocicleta Honda Dream C70
Motocicleta Honda Dream C70
Motocicleta Honda Dream C70 em exposição
Motor dois cilindros da Motocicleta Honda Dream C70