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A história da 1ª fábrica da Honda no Brasil

O poder dos sonhos

Para você que é curioso e quer saber tudo sobre a história da moto, curiosidades da Honda e acontecimentos extraordinários do universo das motocicletas, contamos tudo aqui. Surpreenda-se com a jornada da marca que mais entende de sonhos.

A história da 1ª fábrica da Honda no Brasil

O poder dos sonhos 15/04/2020

Na história da Honda a data de 4 de novembro de 1976 é muito significativa. Foi neste dia que em Manaus, AM, a primeira moto Honda fabricada no Brasil saiu da linha de montagem.  Para contar como e por qual razão a Honda decidiu fabricar motos na amazônia é necessário dar uma marcha a ré de cerca de cinco anos no tempo, voltando até outubro de 1971.

Foi naquele mês e ano que, em um modesto predinho no bairro da Pompéia, em São Paulo, a Honda inaugurou sua primeira subsidiária no Brasil – uma importadora – destinada a receber caixas com motos prontinhas trazidas diretamente do Japão.

A marca Honda então já era razoavelmente conhecida dos brasileiros, pois desde a metade dos anos 1960 importadores independentes vendiam alguns modelos no mercado nacional, motos que logo ganharam boa fama principalmente pela tecnologia, robustez e confiabilidade mecânica.

Em pouco tempo a entrada oficial da Honda no Brasil se comprovou um excelente negócio: as poderosas CB 750 Four, 500 Four e CB 350 viraram objeto máximo dos desejos dos motociclistas mais experientes, enquanto as pequenas CB 125, ST 70 e CB 50 formavam uma legião de novos fãs do guidão. Ter uma Honda era o máximo, não só pela qualidade da moto em sí mas também pelo caprichado pós-vendas, disponibilidade de peças de reposição e mecânicos bem treinados para seguir a excelência do produto. 

Foi nesse clima que o fundador da empresa, Soichiro Honda, decidiu vir ao Brasil em pessoa, no final de 1973. A viagem tinha propósitos múltiplos: ver seus negócios de perto, conhecer um pouco melhor o país e reencontrar um amigo de longa data, um conterrâneo, radicado no Brasil desde o finalzinho dos anos 1930.

O amigo Yasutomo Kato e esposa ciceronearam Soichiro e sua esposa Sachi. Os casais visitaram Brasília, Foz de Iguaçu e boa parte do estado de São Paulo, lugar que naquela época concentrava praticamente toda a indústria automobilística brasileira. 

Honda-san gostou do que viu e ouviu de seu amigo Kato, um entusiasta do Brasil, e decidiu comprar uma área de 1,7 milhões de m2 na região de Sumaré, a poucos quilômetros da capital paulista. Qual era a idéia? No futuro construir uma fábrica Honda motos no Brasil.

Em meados de 1975 uma “canetada” dada em Brasília trouxe o futuro para o presente, e fez Soichiro antecipar os planos: a legislação das importações mudara e, do dia para noite, foi proibido trazer qualquer tipo de veículo – carro ou moto – do exterior. A operação da Honda no Brasil teria que mudar e havia apenas duas alternativas, fechar ou fabricar.

Felizmente a opção foi a nº2. A necessária rapidez para montar a fábrica fez a escolha recair em Manaus, local onde a política de incentivos fiscais para a instalação de indústrias e importação de maquinário e equipamentos por conta da Zona Franca era sedutora.  E o terrenão em Sumaré? Foi “esquecido” por vinte anos, até receber a fábrica de automóveis Honda, inaugurada em 1997.

Começar a fazer motos em Manaus nos anos 1970 não foi fácil. Não havia nenhum fornecedor por perto, aliás, nem rodovia para escoar a produção para o principal mercado, a região Sudeste, situada a 3 mil quilômetros de distância... Nada disso, porém, impediu que o projeto de fabricar motos no Brasil fosse levado adiante.

A toque de caixa uma fábrica foi construída, e os problemas foram sendo resolvidos um a um: não tem estrada? A produção viajaria por rio, 1.600 km até Belém do Pará e, de lá, por caminhão para onde for. Não existem fornecedores de motopeças em Manaus? Verticalize-se a produção, ou seja, fabricar praticamente tudo os componentes internamente.

Diz a lenda que antes de começar a produção, representantes da Honda foram sondar alguns fornecedores da indústria automobilística, entre eles um gigante na fabricação de rodas no Brasil. A boa receptividade do potencial fornecedor acabou quando os executivos da Honda estimaram em cerca de 20 mil rodas a aquisição no primeiro ano de operação. O suposto fornecedor recusou o trabalho, alegando que “faltaria um zero na encomenda”, acostumado à pedidos de centena de milhares de rodas, não a mera dezenas de milhares.

A primeira moto Honda fabricada foi a CG 125: derivada da CB 125S japonesa, a CG nacional repetia as qualidades dinâmicas do modelo importado, só que oferecendo maior robustez. A CG logo conquistou a preferência dos brasileiros, e desde seu lançamento é a motocicleta mais vendida do Brasil.

A fábrica da Honda em Manaus superou todos os desafios e hoje não só a produção ainda é escoada por via fluvial como permanece muito  verticalizada: a não ser pelos pneus e outros poucos componentes, tudo aquilo que compõe uma Honda “made in Manaus” é produzido internamente.

Operando há 42 anos, neste longo espaço de tempo mais de 25 milhões de motos saíram das linhas de montagem manauaras, sendo que 13 milhões foram do modelo CG. Hoje a Honda fabrica 3.950 motos por dia. São 24 modelos em 108 versões produzidos na área de 727 mil2, com 263 mil m2 de área construída, onde diariamente trabalham 7 mil pessoas.

A fábrica de Manaus é a maior da empresa dedicada exclusivamente à fabricação de motos no planeta e sua história espelha a perseverança e visão de futuro de Soichiro Honda, assim como o real sentido do slogan da empresa, o Poder dos Sonhos. Sim, por que se a razão prevalecesse sobre o de sonho, a fábrica da Honda em Manaus e a própria Honda não existiriam...