Para você que é curioso e quer saber tudo sobre a história da moto, curiosidades da Honda e acontecimentos extraordinários do universo das motocicletas, contamos tudo aqui. Surpreenda-se com a jornada da marca que mais entende de sonhos.
Tarde de 13 de fevereiro de 1954, sábado, circuito de Interlagos, São Paulo.
Foi nesse dia e lugar que a Honda estreou em uma competição internacional de motociclismo, o Grande Prêmio Câmara Municipal, para motos de 125 cc, uma das quatro corridas da Temporada Internacional de Motociclismo, organizada como parte das comemorações ao 4º Centenário de Fundação da Cidade de São Paulo.
O resultado? Um modesto 13º lugar entre 25 participantes. Porém, mais do que a busca pela glória de um lugar no pódio, o que aconteceu naquele dia foi o primeiro passo de uma caminhada que, poucos anos depois – no princípio dos anos 1960 –, levaria a Honda ao domínio nas competições motociclísticas mundiais e a uma infinidade de vitórias e títulos que perduram até hoje.
Já contamos essa história aqui no Blog Asas da Liberdade, em uma série de quatro capítulos, mas vale a pena relembrar alguns detalhes dessa histórica “primeira vez”:
√ A Honda, naquela época uma empresa com pouco mais de cinco anos de existência, não tinha um motor de 125 cc em sua linha de produção e assim, para competir no Brasil, reduziu a capacidade de um motor de 150 cc mudando o curso do virabrequim.
√ O mesmo se deu em relação ao chassi, um tubular de aço que trazia suspensão por paralelogramo na dianteira e “rabo duro” na traseira, ou seja, sem suspensão. A moto foi batizada de R 125. A letra “R” é, desde então, a inicial de todas as motos Honda de competição.
√ Mikio Omura, escolhido para a missão de pilotar essa que foi a 1ª moto Honda criada para competição, jamais havia saído do Japão. Ele era um piloto de testes da marca que, de vez em quando, participava de corridas para amadores.
√ No Japão dos anos 1950, as corridas de motocicleta eram disputadas em circuitos com pavimentação mista, parte calçamento e parte em terra. E tal realidade estava escancarada na Honda trazida ao Brasil, através de seu guidão largo, mais adequado a motos off-road do que de velocidade no asfalto.
√ No embarque, em Tóquio, consta que Soichiro Honda, o fundador, fez apenas uma única exigência à equipe formada por Omura, pelo mecânico Toshiji Baba: “Terminem a corrida, custe o que custar.”
√ A verba curta da equipe japonesa e um inesperado calote (os organizadores não pagaram o prêmio de largada) tornou a venda da Honda R 125 – a primeira Honda feita para uso em corrida – necessária para pagar as despesas da viagem de volta ao Japão.
√ Quando a Honda se estabeleceu no Brasil, no começo dos anos 1970, Soichiro Honda, em visita ao nosso país, determinou que a R 125 deveria ser encontrada, o que nunca aconteceu.
√ No ano 2000, a Honda realizou uma réplica exata da R 125, uma vez que a máquina original, que competiu com o numeral 136, desapareceu no Brasil. Mikio Omura, o piloto, então com 66 anos de idade, foi convidado para participar da emocionante cerimônia de chegada do modelo na coleção do Motegi Collection Hall, no Japão, onde ocupa lugar de destaque.
Enfim, é curioso pensar que, à distância de 70 anos, São Paulo seja uma das cidades do planeta com maior frota circulante de motocicletas, e cuja maioria disparada é Honda. Além disso, é na cidade de São Paulo que está o escritório central da Honda South America, subsidiária da marca japonesa, que chegou ao Brasil há mais de 50 anos como importadora e, depois, como fabricante, assumindo imediatamente a liderança do mercado nacional. Tudo isso pertinho de Interlagos, onde até hoje as motocicletas Honda competem. E vencem!
Piloto Mikio Omura em sua motocicleta ao lado de um colaborador da Honda
Motocicleta Honda R 125 número 136 utilizada na competição de interlagos em exposição no museu