Para você que é curioso e quer saber tudo sobre a história da moto, curiosidades da Honda e acontecimentos extraordinários do universo das motocicletas, contamos tudo aqui. Surpreenda-se com a jornada da marca que mais entende de sonhos.
Não sabemos se Michelangelo já enxergava suas esculturas prontas quando olhava um bloco de mármore bruto, mas há quem conte que, no HRB – Honda Research Brasil, alguém “viu” a futura Honda Biz ao ficar um longo tempo agachado, observando uma C100 Dream. Quando esticou as pernas, começou a falar:
“Com uma roda traseira menor, dá para fazer espaço para um capacete sob o banco, mas o tanque tem que mudar de lugar!”
Mas como mudar de lugar o tanque em um chassi de aço estampado?
“Simples! Mudando o chassi. Em vez de chapa de aço, fazer com tubos.”
Simples?
Já devia ser tarde, apagaram a luz da sala. O cara precisava descansar. Mudar o chassi... Imagina que o Japão vai aprovar isso!
Mas a ideia sobreviveu a noites de sono, ou de insônia, e devagarinho foi contaminando gente. Até que bateu no ouvido do chefe, que, inesperadamente, gostou. Deu ordem para serrar o chassi de uma Dream e modificá-lo da coluna de direção para trás: em vez de chapas, tubos. E, por incrível que possa parecer, o primeiríssimo protótipo do chassi do que viria a ser a futura Honda Biz foi realizado improvisando, com canos de água!
O “chassi de cano” parecia ser viável. Com rodas e motor, a visão tridimensional daquela loucura aparentava ser menos loucura. A coisa podia dar certo, tinha potencial. Aliás, a verdade é que, de cara, aquilo parecia mesmo genial.
Fotos do protótipo, ainda sem carroceria, voaram para o Japão. Técnicos do Japão voaram para o Brasil. O embrião da Biz, um simples esqueleto sem esse sonoro nome, tinha alguma chance de vingar. Mas antes havia muitas etapas a serem cumpridas.
Nenhum fabricante de motos ou do que quer que seja lança nada sem fazer pesquisas. E daí começou o vai e vem Brasil afora para testar o gosto das pessoas. Uma Dream com roda pequena atrás (ou uma scooter com roda grande na frente) agradaria? E se tivesse um porta-capacete?
O ok da matriz da Honda à sequência do projeto encerrava uma grande verdade: a ideia era mesmo genial. O inesperado “前へ行きましょう!” (tradução: Vamos em frente!) do Japão a uma ideia nascida no Brasil era uma quebra de paradigma.
Da fase de protótipo até a entrada de produção, três anos se passaram, um prazo curto para a época, o que demonstrava como o projeto havia nascido bem. A “receita” do chassi de tubos em substituição ao de aço estampado, além de possibilitar a área para o capacete sob o banco, típica das scooters, permitia velocidade de fabricação.
Problemas técnicos ligados ao deslocamento do tanque em direção à rabeta e a substituição da roda traseira de 17 polegadas por uma de 14 foram contornados alterando minimamente o ângulo da coluna de direção e a distância entre os eixos. Quanto ao motor e à transmissão, nada de novidade: tudo foi herdado da Dream, uma garantia de robustez e economia.
Tão estável, resistente e econômica como a Dream, e com um visual bem mais moderno, a novidade nasceu certinha. Mas, para além de suas qualidades técnicas, um detalhe fez grande diferença: o curto e genial nome “Biz”. No próximo capítulo, vamos contar como ele surgiu e como era a primeiríssima versão da C100 Biz de 1998. Não perca!
Fabricação da Honda Biz colaborador mexendo na moto
Fabricação da Honda Biz colaborador sentado na moto com quadro do projeto ao fundo
Colaborador de macacão branco analisando a estrutura da honda biz
Homem sentado na Honda Biz montada