As motos clássicas da Honda têm muita história para contar, com direito à curiosidades e momentos nostálgicos que te levarão em uma viagem no tempo. Afinal nossas motos antigas são únicas e dão vida aos novos modelos da Honda.
Três décadas atrás o mundo da motocicleta queria andar cada vez mais rápido. Nada diferente do que é hoje, então? Sim e não: atualmente a tecnologia aplicada às motocicletas não visa a velocidade máxima como simples prova de superioridade tecnológica, mas sim o chamado “conjunto”, onde a eficiência global e a maneabilidade tem um peso maior sobre a potência e sua mais direta consequência, a velocidade pura.
Todavia, em 1996 a Honda, como é de costume, enxergou adiante de seu tempo. Enquanto os demais fabricantes se preocupavam e entregar a seus clientes motos velozes mas difíceis de pilotar, seja pela potência excessiva, ciclística pouco refinada ou ambos, surgiu a lendária moto Honda CBR 1100XX Super Blackbird. Rápida – de fato a recordista em velocidade máxima quando foi lançada – mas plenamente controlável.
O sonoro nome da nova Honda veio do Lockheed SR-71 Blackbird, um avião de reconhecimento estratégico, o mais veloz de sua época, capaz de voar a 3.500 km/h de velocidade máxima e a uma altitude 24 mil metros. A CBR 1100XX Super Blackbird, para muitos apenas a “XX” ou “Double X”, voava no chão mesmo, coladinha a ele graças a sua carenagem impecavelmente estudada em túnel de vento. A velocidade máxima “lambia” os 290 km/h reais. No velocímetro, a agulha apontava para os 300 km/h por conta da natural margem de erro do instrumento.
Alcançar 300 – ou 290 km/h que seja – é algo que à época era possível de se fazer em motos de competição e/ou com motores preparados. A CBR 1100XX Super Blackbird foi a primeira moto de produção em série a tornar esta meta audaciosa possível a motociclistas comuns. Graças ao acerto de sua ciclística e à já mencionada excelência aerodinâmica de sua carenagem, a Super Blackbird era “quieta”: furava a parede de ar como um míssil, sem chacoalhadas ou outras reações assustadoras típicas em velocidade exagerada.
Empurrada por um motor de quatro cilindros em linha de exatos 1.137cc, a moto CBR 1100XX Super Black Bird tinha 162cv de potência máxima e 12,7 kgf.m de torque máximo, seu peso era de apenas 223 kg a seco. Tecnicamente trazia uma importante inovação na frenagem, o Dual CBS – Combined Brake System – o que garantia muita segurança, algo fundamental em qualquer moto, mas essencial em uma capaz de alcançar os 300 km/h.
Equipada com um chassi dupla trave de alumínio, suspensões reguláveis na dianteira e traseira (monochoque Pro-Link), a Honda CBR 1100XX Super Blackbird virou instantaneamente uma “cult bike”, objeto do desejo de 100 entre 100 motociclistas. E, apesar da potência elevada e velocidade máxima idem, conquistou muitos motociclistas pouco interessados em performance pura pelo seu conforto, maneabilidade e capacidades de verdadeira touring, tendo capacidade de cumprir longos trajetos oferecendo conforto a piloto e eventual garupa.
Fabricada de 1996 até 2007 – cerca de 85 mil exemplares no total – a motocicleta Honda CBR 1100XX Super Blackbird recebeu atualizações durante seu período de produção, sendo as mais relevantes a adoção da injeção eletrônica PGM-FI em substituição à bateria de quatro carburadores, painel digital e outros afinamentos. Todavia, o que restou intocado foram suas formas, até hoje extremamente atuais, o que comprova a absoluta posição de vanguarda do modelo, realmente à frente de seu tempo.