Honda CT, a primeira das “aventureiras”

Pouca gente sabe que a 1ª moto aventureira da Honda nasceu quase por acaso, no começo dos anos 1960, quando um revendedor da marca localizado na cidade de Boise, capital do estado norte-americano de Idaho, resolveu modificar uma Honda Super Cub 50 para poder sair para caçar e pescar nos finais de semana. Substituiu os pneus por outros com cravos, arrancou o paralama dianteiro e trocou a coroa por outra maior, para ter mais força em vez de velocidade.

A pequena moto logo chamou a atenção dos amigos de pescaria e caçadas, que naquela região dos EUA não faltam. A Honda Super Cub modificada virou o objeto do desejo de muitos já que, ao contrário das motos maiores pensadas para rodar na terra, na época chamadas de “scramblers”, era leve e fácil de ser pilotada. Logo a notícia alcançou os ouvidos de executivos da American Honda e, claro, dos projetistas japoneses, e em menos de um ano chegaria às revendas dos Estados Unidos a Honda Trail 50, a primeira de uma série que, em seguida, ficaria conhecida pela sigla CT. 

O sucesso do modelo o fez evoluir, ganhar inúmeros aperfeiçoamentos e motor mais potente. Enquanto a primeira versão contava com um rústico sistema com duas coroas na roda traseira - que exigia passar a corrente para uma ou outra dependendo da utilização -, o modelo sucessivo – batizado de Honda CT 200 ou simplesmente Honda Trail 90 – trazia o sistema Posi-Torque, no qual bastava girar um pequeno parafuso para alterar a transmissão final. Suspensão telescópica, guidão mais largo (que podia ser dobrado para facilitar o transporte) e até mesmo um tanque suplementar na lateral traseira, no melhor estilo jipe, completavam a evolução da maquininha.

No Brasil a Honda CT 90 chegou no comecinho dos anos 1970, praticamente junto com a instalação da Honda no Brasil como importadora. Logo se tornou objeto do desejo, não entre caçadores e pescadores como nos EUA, mas entre um público mais amplo, que ia desde a garotada com vontade de novidade aos donos de propriedades rurais, sítios e chácaras, que viram no modelo algo fácil, prático e robusto para uso longe do asfalto.

Na história do modelo no Brasil houve até um episódio “trágico”: a FAB (Força Aérea Brasileira) solicitou à Honda do Brasil o empréstimo de uma unidade da CT 90 para testes, a ideia era lançar o modelo de aviões para ser veículo de apoio de tropas de paraquedistas em localidades remotas. Certamente a moto Honda CT 90 teria sido um veículo perfeito para a função, mas no teste o paraquedas não abriu, resultando em perda total da pequena moto, que ao que consta ficou fincada no terreno tamanho foi o impacto.

Observação: nas fotos o exemplar cor de laranja é uma CT 90 pertencente ao Honda Collection Hall da Concessionária Remaza de São Paulo/SP, que teve seu motor original substituído pelo motor de uma Honda Biz 110, praticamente idêntico ao original. A versão amarela é a pioneira Honda Trail 50, pertencente ao acervo do Honda Collection Hall de Motegi, no Japão.