As motos clássicas da Honda têm muita história para contar, com direito à curiosidades e momentos nostálgicos que te levarão em uma viagem no tempo. Afinal nossas motos antigas são únicas e dão vida aos novos modelos da Honda.
No final dos anos 1980 a Honda oferecia aos brasileiros uma nobre família motos on/off-road, formada pela rainha XLX 350R, a princesa XLX 250R e a princesinha XL 125S, modelos que povoavam corações e mentes dos aficionados pelas motos trail.
Era uma época onde a prática do fora de estrada estava “bombando” em eventos de grande visibilidade como o Enduro da Independência, do qual uma pequena parte dos donos das Honda participava. Os que não conseguiam colocavam suas XL e XLX nas trilhas nos finais de semana, e quem não fazia nada isso, certamente pensava em fazer.
Foi então que a Honda enxergou longe, e percebeu que era hora de aumentar sua estirpe de trails, mas não com outra “nobre”, mas sim com uma trabalhadora plebeia, destinada a atender um pequeno nicho de usuários que precisava de um veículo para o trabalho no campo. Assim nasceu a Honda XL 125 Duty, nome que significa “trabalho”, em inglês
A chegada nas concessionárias da trailzinha aconteceu no final de 1987. O conceito era novo, mas as raízes conhecidas: a base da novidade foi a pequena e leve (favorita do público feminino...) XL 125S, que para virar Duty recebeu alterações visando o uso profissional, mas preservando integralmente a mecânica e parte ciclística
Equipada com o robusto motor monocilindro OHC de 125cc e câmbio de cinco marchas – o mesmo da ML e Turuna – a XL 125 Duty tinha potência máxima declarada de 14 cv a 9.500 rpm, e torque de 1,1 kgf.m a 8.000 rpm, cifras mais do que suficientes para uma moto que pesava pouco mais de 100 kg. Todavia, em vez de usar uma transmissão final que privilegiava velocidade, a XL 125 Duty se valia de um pinhão de 14 dentes e uma coroa de 56, o que a fazia quase que subir em paredes.
A suspensão dianteira com 200 mm de curso e a traseira de sistema bichoque, com 165 mm de curso, davam plena conta do recado em terrenos irregulares, ajudadas nisso pelas rodas aro 21” à frente e 18” atrás, calçadas com pneus mistos.
Entre as singularidades da XL 125 Duty uma das mais visíveis era o banco, curto, largo e macio, destinado apenas ao condutor, além dos aparatos “de trabalho” como o grande bagageiro traseiro e um menor, na dianteira, acima do painel, pensados para transportar ferramentas de trabalho nas atividades típicas de uma moto para a roça. Protetor de manetes feito de tubo de aço e “mata cachorro” do mesmo material protegiam mãos e pés do piloto, enquanto o cárter do motor era coberto por uma placa de alumínio.
Para facilitar o para e anda nos terrenos irregulares, os técnicos da Honda aplicaram dois cavaletes laterais na XL 125 Duty, o convencional do lado esquerdo e um suplementar, do lado direito. Complemento final do modelo era o para-lama dianteiro, dotado de um amplo para-barro de borracha, útil para manter livre da lama quem está rodando na terra não para se divertir, mas sim para trabalhar.
A Honda XL 125 Duty ficou em produção de meados de 1987 até o final de 1994, tendo sido vendidas 18.487 unidades, todas elas brancas com o nome “DUTY” aplicado no tanque. Elas praticamente não receberam nenhum tipo de modificação técnica ou estética durante os anos de produção, à exceção dos grafismos, cor das proteções, bagageiros e banco (inicialmente azuis, depois pretos), e do farol retangular que substituiu o redondo nas derradeiras unidades.
Em função da destinação profissional do modelo, atualmente é muito difícil encontrar uma Honda XL 125 Duty em perfeito estado de conservação, pouco rodada, o que torna um exemplar em perfeito estado de conservação ou restaurado muito valorizado.