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A vida (de moto!) começa aos 40 - Parte 3

Na estrada

Explorar o mundo sob duas rodas com a Honda, seja na pista ou na estrada de terra é uma experiência única para os motociclistas. Entender um pouco mais dessas aventuras e ficar por dentro de dicas sobre passeios, viagens e roteiros de motos vai te fazer curtir esses momentos de lazer de uma forma ainda melhor.

A vida (de moto!) começa aos 40 - Parte 3

Na estrada 13/06/2019
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A vida (de moto!) começa aos 40
Parte 3
Moto CG 125 ML parada com bagagem em frente ao Pão de Açúcar no Rio de Janeiro

Quando decidiu cruzar o Brasil de ponta a ponta, José Albano apostou na confiabilidade da Honda ML 125 para encarar milhares de quilômetros de estrada. Sua decisão se baseou em três pilares:

  • Mecânica confiável – qualquer mecânico conhece, peças à vontade em todo canto.
  • Leveza e maneabilidade.
  • Relação favorável entre economia de combustível e desempenho.

Com pouco mais de 60 kg e já passando dos 50 anos de idade, Albano escolheu a ML 125 por ser uma moto leve, de fácil manutenção e capaz de oferecer o que ele mais precisava: autonomia, resistência e baixo custo em todos os sentidos.

Pressa? Nenhuma! Fotógrafo de alma, José Albano precisava esquadrinhar a paisagem e, muitas vezes, esperar a luz certa para o melhor “click”. Com velocidade máxima de 110 km/h e velocidade de cruzeiro entre 70-80 km/h, a Honda ML 125 não foi feita para correr, mas para contemplar.

Albano sabia que ultrapassagens seriam raras e ser ultrapassado seria rotina — mas era justamente esse ritmo que lhe permitia aproveitar cada quilômetro percorrido.

Preparativos para uma longa jornada

Determinada a ir longe, a dupla José Albano e ML 125 passou por algumas adaptações:

  • Instalação de uma almofada de gel para incrementar o conforto no banco.
  • Fixação de um bagageiro resistente e recuo dos piscas traseiros para acomodar alforjes.
  • Adaptação da parte elétrica para utilizar a bateria parada, iluminando a barraca, por exemplo.

Sim, a barraca! A primeira viagem de Albano ensinou que dormir em dormitórios de caminhoneiros podia ser traumático. Assim, passou a levar sempre uma pequena barraca, colchonete, saco de dormir e cozinha portátil, garantindo autossuficiência total.

Assim preparados, José Albano e sua Honda ML 125 esquadrinharam o Estado do Ceará de ponta a ponta, e seguiram para o resto do Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. As viagens duravam meses — três, quatro, cinco — e somavam milhares de quilômetros, sempre em estradas secundárias, menos movimentadas e mais belas.

O padrão era simples: dormir atrás de um arbusto à beira da estrada, em quintais de amigos feitos no caminho ou, na maior parte do tempo, sob o céu estrelado. Albano tornou-se íntimo da solidão, da paz e da contemplação.

Manual do Viajante Solitário: a experiência de José Albano em livro

Aos 75 anos, José Albano continua viajando com a mesma Honda ML 125. A manutenção é cuidadosa, mas a estética pouco importa: o que interessa é seguir rodando.

Em 2010, ele decidiu compartilhar seu vasto aprendizado em um livro inspirador: Manual do Viajante Solitário (Terra da Luz Editorial). Muito mais que um guia prático para quem deseja viajar de moto, o livro é um convite a encarar a estrada e a vida com novos olhos.

Frases inspiradoras do Manual do Viajante Solitário

Algumas frases marcantes retiradas do Manual do Viajante Solitário resumem bem a filosofia de José Albano:

“Na moto estou imerso na paisagem, curtindo a enxurrada de estímulos visuais que se sucedem enquanto avanço, um cinema real, ao vivo e a cores. Estou também imerso no clima, onde enfrento, com meu corpo, sol, chuva, vento, calor, frio... sinto cheiros e ouço as vozes da natureza!”

“A meta, que pode parecer aos outros muito longe, inatingível, é quebrada em pequenas metas marcadas em quilômetros, em cidades do roteiro, em horas de pilotagem. Cada dia é uma viagem em si. Não é o ‘chegar’ o mais importante, é o ‘estar a caminho’ que é importante!”

“Viajar de moto nos arranca do mundo seguro e protegido em que vivemos o nosso dia a dia no conforto de nossas casas dentro das cidades e joga nosso corpo de encontro ao mundo, enquanto, na solidão do capacete, nos joga de encontro a nós mesmos.”

“Na estrada tenho oportunidade de escutar meu pensamento, a oportunidade de estar comigo durante horas seguidas, dias seguidos, sem a interrupção do trabalho, da família, dos amigos, do telefone, da TV. Dentro do capacete falo sozinho, canto, digo poemas que sei de cor, choro e dou risadas na medida em que se desenrola a fita da memória de bons e maus momentos que vivi.”

“Sobre a moto, solto nas estradas, tenho a oportunidade de arejar a cabeça, de reciclar minha vida, rever o passado, planejar o futuro enquanto desfruto de rara oportunidade de estar imerso no presente. Aproveito este estado de consciência para definir prioridades, mudanças para quando voltar para casa, como melhorar as coisas, o que fazer pela qualidade de minha vida... Viajando de moto me dou a oportunidade de passar minha vida a limpo, enfim...”