As motos clássicas da Honda têm muita história para contar, com direito à curiosidades e momentos nostálgicos que te levarão em uma viagem no tempo. Afinal nossas motos antigas são únicas e dão vida aos novos modelos da Honda.
O sucesso das CB Four pioneiras, a 750 de 1969 e a 500 de 1971, estimulou a Honda a dar sequência a esta linhagem de motocicletas, caracterizadas por motores de quatro cilindros em linha que, naquela época, não tinham concorrentes em termos de tecnologia e excelência construtiva.
A Honda CB 400 Four foi lançada no final de 1974, baseada na CB 350 Four, moto que chegou dois anos e meio antes, e cujo nascimento foi ditado pela necessidade de oferecer uma “Four” de tamanho mais adequado ao consumidor japonês.
A vida curta da versão 350 se deveu a vários fatores, um deles a estética, considerada por muitos extremamente conservadora, que não acompanhava o aclamado design das CB 750 e CB 500 Four. Outro aspecto que não favoreceu a carreira da CB 350 Four foi a posição de pilotagem, cujo guidão elevado a tornava imprecisa em alta velocidade.
Todos estes senões foram anotados pelos projetistas da Honda, e resultaram em uma nova moto, a CB 400 Four. Ao contrário da 350, a 400 Four virou um sucesso mundial, seguindo a carreira vitoriosa das irmãs 500 e 750cc.
Em linhas gerais, a CB 400 Four era a 350 com motor aumentado à exatos 408,6 cm3, com design – e principalmente o espírito – completamente diferente. Isso era visível pela inscrição “Supersport”, aplicada em local visível abaixo do logotipo Honda no tanque de formas angulosas, diferente de tudo o que se havia visto até então.
A pequena CB 400 Four cativou não só pelo design, que tinha nas elegantes curvas do 4x1 (foi a primeira Honda a ser equipada com este tipo de escape) outro elemento de forte atração, como por verdadeiramente transpirar esportividade, caráter reforçado pelo guidão baixo e desenho do banco.
A Honda CB 400 Four foi um sucesso no mundo inteiro, inclusive no Brasil, para onde sua antecessora CB 350 Four nunca foi importada. Ainda mais ágil que a CB 500 Four, acessível a muitos não apenas pelo preço mais baixo, mas também pela facilidade de pilotagem oferecida pelo peso limitado a 170 kg e pela bem distribuída potência de 37 cv, a menor das Four virou uma queridinha.
Sua produção se encerrou em 1978, mas sua receita de sucesso, não: elementos de seu design foram aplicados com sucesso na brasileiríssima Honda Turuna lançada em 1979, que herdou da irmãzona 400 Four o formato de tanque, o guidão reto e a inscrição Supersport no tanque.
Cobiçada por colecionadores e com um design essencial, que parece imune à passagem do tempo, a Honda CB 400 Four demonstrou que a receita do motor de quatro cilindros em linha era democrática: servia para as equipar motos de grande cilindrada como funcionava também nas médias, encerrando a desconfiança sobre uma eventual complexidade e/ou fragilidade deste tipo de motor. Uma arquitetura mecânica que está consagrada, que em uma década – da Honda CB 750 Four de 1969 até a derradeira CB 400 Four, de 1979 – estabeleceu um padrão técnico que perdura até os dias de hoje.