As motos clássicas da Honda têm muita história para contar, com direito à curiosidades e momentos nostálgicos que te levarão em uma viagem no tempo. Afinal nossas motos antigas são únicas e dão vida aos novos modelos da Honda.
Ter uma Honda CB 750 Four na garagem... quem não quer? Ela é considerada a “mãe” de todas as superbike, moto que na época de sua apresentação, em outubro de 1968, trazia uma tecnologia jamais vista anteriormente em um modelo de normal produção em série.
A história desta icônica máquina já contamos no BLOG, e basta clicar AQUI se por acaso você ainda não leu. Mas agora o papo é outro, é contar um pouco sobre o mercado desse modelo, que pode ir parar na sua garagem caso você tenha $$$ e a paciência para garimpar esta verdadeira joia de história da indústria motociclística mundial.
Produzida ininterruptamente durante uma década, cerca de 400 mil CB 750 Four de primeira especificação, equipadas com o motor de exatos 736 cc e comando simples (SOHC) no cabeçote foram fabricadas. Sobre a primeiríssima CB 750 que o mundo viu, aquela exibida no Salão de Tóquio de 1968, sabe-se apenas que ela era praticamente uma maquete destinada à exibição.
No começo de 1969, quatro CB 750 montadas artesanalmente, foram enviadas para avaliação aos EUA e Europa. Este com certeza é o mais precioso quarteto de CB 750 Four, do qual apenas duas sobreviveram: uma, azul, está nos EUA e foi vendida em 2014 por 148.100 dólares. A outra vive no Reino Unido, é dourada, e foi leiloada em 2018 por cifra equivalente a 198.200 dólares.
Em um ranking de valor, logo abaixo destas citadas estão as Honda CB 750 Four da safra pré-série conhecida por sandcast por terem o cárter do motor e cabeçotes feitos por método de fundição diferente do diecasting (fundição sob pressão), que passou a ser usado quando a produção ganhou volume.
Estas CB 750 do lote inaugural, de exatas 7.414 unidades são, com certeza, as mais procuradas do mercado internacional. A “pedida” para a de chassi nº 750, localizada no Reino Unido e restaurada, é de nada menos que 56 mil dólares. Detalhe: uma CB 750 Four desta leva inaugural pode custar bem mais que isso caso se em vez de ter sido restaurada esteja conservada, palavra que faz brilhar os olhos dos especialistas em raridades.
O motivo? Mais difícil do que achar uma Honda CB 750 trazida de volta à vida por hábeis restauradores, com peças garimpadas lá e cá, é achar uma moto que nunca passou por restauro, que mesmo com um arranhão aqui e outro ali jamais foi desmontada, repintada ou teve componentes trocados.
E NO BRASIL, QUANTO CUSTAM?
Há notícia de que as Honda 750 Four começaram a ser importadas para o Brasil já em 1969, e que ao menos uma das raras unidades sandcast sobreviveu. Outras deste tipo foram importadas por colecionadores mais recentemente, adquiridas em sua maior parte nos EUA por valores entre 30 e 50 mil dólares, cifra que no mínimo duplica para a venda no Brasil.
Quem quiser ter uma Honda CB 750 Four e não faz questão de gastar o valor de um apartamento em uma deve começar aprendendo o código “K”. Esta letra, acompanhada de um número (de 0 a 8), identifica os modelos das CB 750 Four: as K0 são as primeiras produzidas de meados de 1969 até setembro de 1970, depois vieram as K1 (1971), K2 (1972) e assim até a derradeira Four de 1978.
Quanto mais antigas, mais caras em teoria. Visto que as importações de veículos motorizados foram proibidas no Brasil em 1976, as versões de K6 em diante são escassas, mas isto não aos torna valiosas pois já trazem alterações no visual que fogem do design pioneiro.
Há muitas Honda CB 750 Four em excelente estado no Brasil, em museus particulares, coleções e nas mãos de apaixonados, quase todas restauradas, mas são raríssimas as conservadas. O hábito – disseminado à época – de modificá-las praticamente aniquilou a chance de encontrar uma 100% original não restaurada.
A customização feita em uma época onde a palavra “customização” nem existia consistia em substituir o escape original pelo famoso quatro-em-um, o que dava às Four uma “voz” inconfundível. Outra alteração era a troca do guidão por um do tipo “Tomaselli”, mais baixo, esportivo. Além disso – que era uma receita básica, quase um padrão – havia o costume de trincar as rodas raiadas pelas de liga leve, adicionar um disco de freio suplementar na roda dianteira, substituir o banco duplo por um com rabeta e muito mais. Essa era a CB 750 Four bacana daquele tempo, e não a original, considerada “careta” sem estes itens.
Hoje tudo se inverteu: quem tem uma “careta”, pode pesar a mão no preço, enquanto quem tem uma modificada sabe que é justamente a falta dos componentes originais que faz a moto valer menos. Há CB 750 Four à venda no Brasil, bem restauradas, por cifras ao redor dos R$ 100 mil, e a tendência é a valorização. Já unidades de boa aparência, razoável conservação, mas que tenham durante a vida sido alvo de reformas/modificações podem ser compradas por cifras menores, mas dificilmente abaixo dos R$ 50 mil. Cara? Claro que não para ter aquela que é considerada a “moto do século” nas mãos!