Honda NX 350 Sahara, o deserto como inspiração

No final dos anos 1980, a Honda venceu o Rally Paris-Dakar quatro vezes seguidas – 1986, 1987, 1988 e 1989 –, todas elas com um protótipo devorador de desertos batizado de NXR 750V, cuja história nós já contamos aqui no Blog Asas da Liberdade.

O domínio gigantesco da NXR foi repercutido fortemente pela imprensa mundial. Era uma época na qual os ralis-raids disputados no deserto eram novidade. Então, alguém da Honda Brasil, achou que seria uma ótima ideia pegar uma carona neste sucesso, e assim nasceu a NX 350 Sahara, que foi lançada na metade de 1990. O modelo usou como base técnica – motor e parte ciclística – a XLX 350R, que foi “vestida” com uma carenagem volumosa, que abraçava as laterais do tanque, simulando o visual da campeã do mais duro rali do mundo.

E não é que ficou bom? O visual era imponente, e na prática a carenagem não apenas fazia a 350 parecer uma 750 como oferecia proteção aerodinâmica. No aspecto técnico, o grande passo adiante apareceu sob a forma de um pequeno botãozinho no punho direito, a tão esperada partida elétrica que, diga-se, solucionou a única crítica feita à antecessora da Sahara, a XLX 350R, moto que exigia certa habilidade – e energia! – para ser ligada no pedal.

A Honda NX 350 Sahara foi, portanto, um lançamento de sucesso? Sim e não. Como moto, não havia quem a criticasse, porém ela chegou ao mercado em um momento em que o Brasil dava uma forte marcha a ré em termos econômicos, no complexo período de transição entre os governos militares e o 1º presidente eleito pelo voto popular após os anos de ditadura.

Seja como for, a Honda NX 350 Sahara ocupou os sonhos de bem mais brasileiros do que os que efetivamente a conseguiram comprar enquanto esteve em produção. De julho de 1990 até setembro de 1999 exatamente 42.381 NX 350 Sahara foram produzidas, motocicleta que além de cores e grafismos novos a cada ano recebeu uma única e modesta atualização: a ponteira de escape da versão inaugural era preta, e logo passou a ter um revestimento de aço inox.

Comprova que foram restrições econômicas do país a impedir que um número maior das Sahara chegasse ao mercado o  fato de que suas vendas só decolaram à partir de 1995, bons anos depois de seu lançamento, quando a economia se estabilizou através do Plano Real. Os anos recordistas em vendas foram 1996 e 1997.

Razoavelmente potente, robusta, confortável e versátil, a NX 350 Sahara foi substituída pela NX4 Falcon, que herdou toda a confiável mecânica, mas trazendo um visual atualizado, menos “deserto”, adequado à tendência de estilo mais enxuta dos anos 2000.